sábado, 3 de maio de 2008

Fim de ciclo

Todos os clubes de futebol passam por ciclos, sejam eles vencedores ou perdedores, mais curtos ou mais longos, ligados a um dirigente, a um treinador, ou até a um determinado jogador. Por norma, esses ciclos estão mais ligados a um treinador, que é quem escolhe o plantel, toma as decisões que vão moldar a equipa e conduz a nau, seja a bom porto ou ao naufrágio. O fim abrupto de um ciclo é, por norma, determinado por resultados negativos e pela quebra de empatia (se alguma vez a houvera) entre treinador e adeptos. Quando isto acontece, os dirigentes fazem saltar o chicote, para salvar a sua própria pele. Se esta regra se mantiver, então esta semana assistimos ao final de dois ciclos: o de Benítez no Liverpool e o de Rijkaard no Barcelona.
Benítez costuma salvar a pele com a carreira na Champions, mas desta vez não conseguirá agarrar-se a essa boia. Não porque chegar às meias-finais seja um mau resultado, mas porque os adeptos estão cansados de ver os anos passarem e não surgir uma equipa forte o suficiente para resgatar o título máximo de Inglaterra, que lhes escapa há penosos 18 anos. O Kop está cansado de ver os seus jogadores arrastarem-se pelo quarto lugar (até chegou a ser quinto, em 2005, ano da conquista da Champions) e verem os rivais maiores somarem título atrás de título. O Liverpool ainda é o clube inglês com mais títulos de campeão, mas o Man. United só está a dois títulos de distância... Benítez conseguiu construir uma equipa forte em sprints, para competições a eliminar, mas em maratona o seu Liverpool é fraco e não tem ambição, algo inaceitável no clube cujas maiores glórias assentaram no arrojo dos seus míticos treinadores, de Bill Shankly a Bob Paisley.
Já Rijkaard e o seu Barcelona parecem ter sido vítimas de um síndrome "galáctico". Um plantel composto de (muitas) grandes estrelas apresenta grandes riscos, o maior sendo o facto do balneário se tornar pequeno para tanto ego. A chegada de Henry desequilibrou também a equipa no plano táctico, já que o holandês passou a ter opções a mais para o trio da frente. Alguém falou em Florentino Pérez? Os casos de indisciplina foram aumentando, as notícias de borgas de alguns jogadores tornaram-se rotineiras. O treinador perdeu a mão no plantel, o rendimento desportivo dos jogadores baixou, as bocas dos dirigentes atingiram níveis impensáveis. O ambiente em Camp Nou chegou a um ponto de ruptura com a eliminação da Champions, e a confirmação de duas épocas seguidas sem nada vencer. O fabuloso Barça que se sagrou campeão europeu há apenas dois anos desintegrou-se por completo, e apenas pode apontar culpas a si próprio. Rijkaard, apesar de ir dizendo que não vê razões para sair, deve sentir que não tem condições para continuar, mas não deve ser o único a quem os adeptos desejam dizer adeus.

Outros ciclos vemos terminar, também, noutras paragens. Um sinal que se torna assustador é que, menos de um ano depois de ter sido anunciado como grande contratação, Eriksson é agora quase persona non grata no City Of Manchester. Mesmo no país onde o tempo era algo que não faltava a um treinador as contas começam a fazer-se à semana. Nunca será demais lembrar que nas primeiras três épocas de Sir Alex Ferguson em Old Trafford o melhor que o bonacheirão escocês conseguiu foi um 10º lugar na liga. Se os dirigentes da altura tivessem a paciência dos de agora...

Um comentário:

Mairc disse...

contigo só se aprende :D

não sabia essa do Master Ferguson...por isso continuo a dizer, futebol a sério, é em Inglaterra, em todos os aspectos...

pena essa modernice dos novos "donos", de quererem títulos rápidos...parece que o Gil y Gil deixou legado...